Já é tarde para dizer "Bem-vindos ao século 21", mas as transformações e mudanças de paradigmas parecem ter avançado muito nos últimos 5 anos, e isso, por si só, demonstra o estilo do nosso novo século.
O desenvolvimento tecnológico exponencial (tantas transformações em tão pouco tempo), as mudanças profundas no consumo e nos hábitos, geradas tanto por novas gerações de consumidores quanto pela mudança nas estruturas sociais; a vida digitalizada, inimaginável desta forma há apenas 20 anos atrás; os benefícios das tecnologias assistivas para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida; a busca e, principalmente, a aceitação da diversidade e pluralidade de pessoas, sexualidades, identidades e ideias.
A força motora desse século, centrada nas pessoas e em suas singularidades, está transformando a produção cultural. É tão difícil relembrar que há apenas 2 anos estávamos no meio da pandemia da COVID-19 e que utilizamos as tecnologias como nunca antes? A utilização das tecnologias, para a produção cultural, além de garantir a atividade profissional e a remuneração dos artistas durante o período de lockdown, também adicionou ao consumo cultural públicos novos, que raramente se faziam presentes nos teatros e apresentações públicas: as pessoas com deficiência.
E quais as lições que levamos da pandemia? O que acontecerá se não nos esforçamos em criar e estimular um novo fazer artístico que seja inclusivo e universal? Em nossa perspectiva, os prejuízos são maiores do que o benefício de se manter a arte e os eventos culturais em padrões anteriores à pandemia. Devemos nos esforçar para estimular os artistas na busca de uma nova linguagem, de um novo fazer artístico.
Assim como os artistas do início do século 20, em todo o mundo, se esforçaram para criar novas formas de se expressar em todas as linguagens, muitas vezes virando as costas aos seus mestres e antecessores, assim também devemos seguir: reinventando técnicas, reavaliando processos artísticos, enxergando o mundo através de outros corpos, em busca de um entendimento mais profundo sobre o olhar de uma pessoa com deficiência.

Nossa visão para a arte do século 21 é de uma arte plural, diversa e que considera não apenas a visão do artista, mas também as possibilidades da recepção pelo público. Uma arte que considera as múltiplas formas de viver e pensar, e que se coloca em um local de riscos e tentativas até acertar com um e outro público.
Não há porque voltar atrás.
Estamos nos comprometendo em criar, em todos os nossos novos projetos, e em fomentar em todos os projetos em que estivermos produzindo, uma arte mais acessível e inclusiva, de forma a ampliar os públicos e ajudar o desenvolvimento das diversas linguagens e expressões artísticas e culturais. Nos comprometemos, também, em discutir mudanças concretas junto às prefeituras onde prestamos consultoria em políticas culturais para permitir a fruição e a criação artísticas por públicos mais diversificados.
Se você quer inovar em seus processos artísticos e de produção cultural, ampliando seus públicos para as pessoas com deficiência, nos chame para um café, que teremos prazer em ajudar seus sonhos se tornarem realidade.
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